Estaria mesmo o céu no chão?
Se estivesse, meus pés encontrariam-se sobre a imensa camada de ozônio,
por mais que eu tente, só me vejo imersa em um angustiante abismo.
Um obscuro horizonte atrai o meu inconsciente e não me deixa seguir...
mesmo tendo muito, às vezes não tenho nada
às vezes tudo sempre acaba
às vezes o mar é madrugada
o mundo é uma cilada
e eu, apenas uma perdida na multidão ou
um soneto; uma canção.
E o vazio fez morada nesse frágil coração
antes regado por flores e canções
hoje abstraído em um mundo de ilusões.
Pobre orgão
ausente de afeto
nas mãos de um arquiteto
capaz de perceber
as dores que a vida nos traz
e com dor, tudo se torna frio,
tudo se torna amargo
tudo se torna arrepio
carregado por um grande fardo
dentro de tal coração
que nunca fora amado.
A noite é um cobertor que me protege dos raios
de uma luz corrompida em loucuras e desejos.
A ela entrego os meus segredos sem cessar.
Obstrui os meus prazeres e me leva a um mundo que nunca fora
desvendado.
Mistérios e alegrias se escondem em suas dobras,
ares novos e sedutores, fonte de brilho e sensualidade.
Componho-me de carne e coração
desejo e amor
ligados por um elo latente
em um caminho obscuro.
Tristeza e alegria
abate e euforia
não tenho o mais o que sentia
por vezes em harmonia.
agora me bate um fervor,
angústia dos desalmados
e consolação dos apaixonados
amor, seria?
